Ano Cibeliano 121
Olá, habitantes da Terra. Eu sou um homem aqui no planeta Cibelis F. E esse "ser homem" tem um significado muito triste aqui neste planeta rosado, como pretendo relatar a vocês mais adiante. Não sei se essa mensagem vai chegar até vocês, aí nesse outro planeta onde temos irmãos de humanidade. Onde ouvi dizer que não existe supremacia feminina, pelo menos no nível em que chegamos aqui em Cibelis F.
Ninguém sabe que eu consegui um zirumi¹ para registrar esse relato. Estava limpando um corredor da senzala e uma das Panteras deixou um aparelho desse largado em cima de um balcão. Provavelmente descobrirão que o furtei e estou digitando isso agora, com investigação pelas câmeras de segurança. Não acredito que me matarão, pois as filhas de Cibele, ou mulheres, como vocês conhecem, são radicalmente contra pena de morte. Mas bem provavelmente no momento em que vocês estão lendo esse depoimento, estarei cumprindo alguma pena de trabalho forçado na extração de faditium² que aí na Terra, acredito que corresponda ao bicho-da-seda (que nem faço ideia do que seja). Essa extração aqui dessa fibra que é usada na fabricação de nossas vestimentas é perigosa e extenuante, levando muitos de nós escravos à doenças ou morte por envenenamento, já que o animal que produz é extremamente peçonhento e agressivo. Praticamente uma pena de morte.
Mas enquanto o destino me dá a oportunidade de estar digitando, vou fazer.
Começo dizendo que há uma separação radical sexista entre homens e mulheres aqui (não é assim que se definem os sexos aqui, mas "homem" na Terra é a mesma coisa que "escravo" aqui, e "mulher" aí, é "filha de Cibele" aqui). Desde os bancos escolares, somos separados. As únicas filhas de Cibele com quem temos contato são as nossas professoras, que nos mantém aprendendo apenas o básico de todo o conhecimento adquirido e trazido para cá com as expedições vindas daí. Elas nos ensinam matérias como matemática, gramática e biologia. Mas a matéria principal, que ocupa 70% da carga horária é educação social, em que aprendemos desde meninos como tratar e obedecer as filhas de Cibele. Quando erramos alguma resposta na prova, ou durante a aula, ou ainda fazemos peraltices durante a aula, somos severamente corrigidos por elas.
Eu só consigo concatenar ideias de maneira lógica e mais clara, porque tive a graça (talvez do acaso) de ter nascido com um QI elevado. Nesse caso, sou uma ameaça, mantido sempre em constante vigilância por conta da minha capacidade. Num momento único de descuido estou aqui tremendo e suando enquanto digito.
Existe todo um contexto e uma história complexa que conduziu a humanidade cibeliana ao estrado em que está socialmente. Mas não vou ter tempo de escrever tudo, até porque não tive acesso a muita coisa. As nossas professoras fazem uma verdadeira lavagem cerebral desde que entramos meninos na escola, ensinando que elas, filhas de Cibele, são nossa razão de existir, e que tudo que fazemos e aspiramos na vida deve ser em função da realização e felicidade delas, como ensina "nossa Deusa Cibele". Uma teoginarquia, se é que posso definir por esse neologismo. Aprendemos que é um pecado mortal e gênese de condenação eterna o ato de se tocar para obter prazer sem permissão de uma mulher que tenha autoridade para tal, ou seja, uma dona que nos tenha comprado como escravos particulares ou uma gestora de escravos públicos. Essa autoridade é simbolizada pela chave que abre nosso aparelho de castidade, que a mulher que possui essa chave é a que tem o poder de nos usar (e abusar) sexualmente ao seu bel prazer e com a bênção divina de Cibele.
Sobre esse aparelho de castidade: aos nossos 24 anos (que correspondem à idade de 12 anos aí na Terra), somos submetidos a usar um aparelho genital chamado Tartarus, que permite com que excretemos a urina normalmente, mas que nos impedem de ter as naturais ereções e mais ainda: de nos tocarmos estimulando o pênis de forma a obter prazer. É um invólucro de metal que se prende à base de nosso saco escrotal e protege todo o pênis de qualquer acesso que se possa ter para estimular sexualmente o órgão. Um aparelho de castidade, por assim dizer. A tecnologia embarcada nesse dispositivo chega ao ponto de enviar sinais bluetooth para a dona da chave que o escravo fez uma tentativa de se masturbar mesmo estando com o dispositivo instalado.
O que é muito doloroso, pois o dispositivo tem sensor digital com algoritmos super avançados, que percebem o mínimo de estímulo fisiológico e uma trava metálica interna é acionada para espremer os testículos e espetar a glande, causando uma dor insuportável e que incapacita de sentir qualquer prazer, mesmo que o escravo tenha a força mental de tentar chegar ao orgasmo a despeito da dor. Mas isso é absolutamente impossível, pois a dor é intensa demais. Com essa desobediente e revoltosa tentativa de auto-estímulo erótico, o dispositivo sinaliza um alarme nos zirumi da dona daquele escravo e ela sabe que ele tentou. Tem castigos previstos em leis ginárquicas para punir essa atitude. De levar palmadas a chicotadas, passando por nos masturbar dolorosamente estando presos no tártarus, castigos anais em que nos penetram com próteses que imitam pênis eretos e enormes e, em caso de maior reincidência das transgressões, prisão e trabalhos forçados.
Desde os primórdios da puberdade até o fim da vida, nosso prazer sexual é absoluta e severamente controlado. Aos 36 anos (18 aí na Terra), passamos por um processo científico (que eu considero pseudocientífico) de definição se seremos "reprodutores" ou "sissies", como elas definiram aqui. Se reprodutores, elas nos mantém com características masculinas e servimos com braço forte para trabalhos de carga e para fecundar as nossas donas, seja por relação sexual permitida, naturalmente, ou por extração de esperma em máquinas próprias para isso, no caso dos escravos públicos (que é o meu caso). Eu fui destinado como reprodutor, incialmente. Fico grato com isso, pois se me tornassem sissy, teriam me submetido a doses cavalares de hormônio feminino e cirurgias de redesignação sexual. Operam tudo: põe seios, enxertam gordura nos quadris para alargá-los, nas nádegas, afinam a cintura retirando as costelas inferiores, afinam o rosto, depilam todo o corpo com laser e trabalham a voz para afiná-la também com laser. A única coisa que elas não mexem é o testículos e o pênis, que permanecem, segundo elas, para marcar que sempre serão escravos (homens) mesmo que tenham recebido a "bênção e o privilégio" de terem a mesma aparência que as deusas filhas de Cibele.
Mas eu não acredito nessa hipocrisia. Eu sei que, cientificamente, o motivo real delas é manter a carga de testosterona vinda dos testículos para mantê-los sempre excitados, como forma de obter deles a obediência mais dócil e solícita. Nesse aspecto, não é muito diferente de nós reprodutores, que somos mantidos em castidade, à semelhança das sissies, com a finalidade de estarmos constantemente excitados e frustrados sexualmente. Essa condição meio que nos empurra em direção à obediência, pois podemos receber recompensas de nossas donas ou gestoras se nos comportarmos bem, com solturas esporádicas do tártarus e consequente permissão para masturbação ou sexo. Enquanto impedidos de nos aliviarmos com orgasmos, elas adoram nos constranger quanto à emissão constante de líquido pre-ejaculatório. Sofremos chacotas e humilhações por conta dessa nossa "impureza pervertida".
A recompensa sexual que elas constantemente nos prometem caso mereçamos, acaba se tornando uma obsessão de nós, escravos. Pois o prazer que sentimos é algo absurdamente intenso. Um orgasmo masculino é algo extremamente prazeroso e aliviante. No caso das sissies, as recompensas são outras, pois esses, coitados, só obtém orgasmos penianos em casos muito específicos, como quando são cobaias em experimentos ou se a própria Rainha permitir, e somente ela permite que uma sissy goze pelo pênis. O orgasmo desses escravos feminizados só é permitido como recompensa, de uma forma geral, por meio de estímulo na próstata por via anal, o que nem todos conseguem dependendo de sua fisiologia. Só com permissão de uma dona ou gestora, claro. Se for pego fazendo sem permissão, a punição é severa.
De fato, a esperança de experimentarmos isso, sejamos reprodutores ou sissies, nos escraviza mesmo. Isso porque gozar é a única alegria que um homem daqui pode ter na vida, pois o resto é só servidão incondicional. A lavagem cerebral que nos impõem é que quando uma mulher tem prazer, seja sexual ou em qualquer aspecto da vida dela, é como se estivéssemos tendo também. Ou seja, viver para fazer a mulher, seja ela nossa dona ou nossa gestora, feliz e realizada é a nossa razão de ser, resumindo. Um detalhe importante, que vocês já devem ter deduzido: o orgasmo delas é absolutamente livre. Podem gozar quando querem, sozinhas, entre elas mesmas (pois muitas são bissexuais ou lésbicas), ou com nossa ajuda. Depois da minha maioridade, perdi as contas de quantas vezes fiz minhas gestoras públicas gozarem só as servindo com meus dedos e minha língua, enquanto minhas dolorosas ereções eram contidas pelo meu tártarus logo ali embaixo, desesperado por poder participar da festa, mas sem estar convidado para tal. E elas adoram saber que estamos nessa condição, pois se sentem poderosas e gozam principalmente por esse motivo: nos humilhar sexualmente.
Preciso dar uma pausa no relato por aqui, pois estou ouvindo som de passos pelo corredor. Vou mandar esse fragmento do que pretendo registrar. Se não chegar a continuação até vocês, é porque provavelmente fui pego e punido.
Caso isso ocorra, já peço antecipadamente que tomem providências aí na Terra, no sentido de nos salvarem desse martírio imposto por essas mulheres megalomaníacas, lideradas por essa tirana chamada Rainha Atena, que conseguiu articular e implementar essa ditadura ginárquica que tanto nos oprime a nós homens.
Torçam pela continuação dessa mensagem, pois preciso informar a vocês muito mais detalhes sobre as humilhações que nos são impostas por elas, na condição de seus escravos.
Parte 2 (em breve)
¹Zirumi: aparelho digital com tela, semelhante ao tablet na Terra.
²Faditium: fibra altamente viscosa e resistente, extraída da glândula dorsal de uma espécie de lagarto cibeliano altamente agressivo e peçonhento chamado Oxtrux, que usam para fabricar tecido para as roupas de luxo das soberanas de Cibele. Essa fibra só pode ser extraída com o Oxtrux vivo. Daí o alto risco de envenenamento e mortandade dos escravos designados ao trabalho de extração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Fala Galera! Fiquem à vontade para comentarem, escrevam o que acharam da postagem! Os comentários anônimos estão liberados. "SEUS INCENTIVOS SÃO O COMBUSTÍVEL DA MINHA CRIATIVIDADE"
Para os que estiverem usando dispositivos móveis, sugiro rolar até o final da página e clicar em "Ver versão para a web". Vão aparecer a barra lateral de ferramentas e mais recursos.