Ano Cibeliano 102
23/04/102, senzala número 26 -Norte –
Cidade de Cibele.
Agora que tive
acesso a um papel e uma caneta, preciso deixar registrado aqui como que alguns
jovens rapazes de Cibelis F foram recrutados “à força” pelas líderes do
movimento para apoiar na revolução que o Partido Femista de Cibelis F estava
tramando. Escrevi “à força” entre aspas porque a artimanha das mulheres foi
muito inteligente. Elas não nos forçaram com o uso de armas. Elas simplesmente
usaram nosso TESÃO contra nós mesmos, os homens. Isso mesmo: nosso desejo,
nosso impulso sexual intenso, o que é normal para qualquer homem jovem e sadio,
para nos fisgar para a causa. Elas usavam a beleza e a gostosura de seus corpos
para ‘literalmente’ nos fisgarem como peixes incautos.
Torço muito
para que arqueólogos, no futuro, encontrem esse meu relato e o usem para se
prevenir de uma segunda retomada de algum partido maldito que seja semelhante a
esse, que nos tomou a liberdade e que obtém nossa obediência em troca de migalhas
de prazer, desde a chamada “Grande Devoção”, no ano de 95. Na verdade, um
verdadeiro golpe de Estado sexista feminino.
Como tenho
esperança que um dia, no futuro, nossa sociedade cibeliana volte a se
estabelecer sobre a igualdade entre os sexos, deixo aqui registrado como fui
recrutado para colaborar, sob grave ameaça, com essa vil revolução. Bom deixar
registrado que tal ameaça não era contra minha vida, nem contra a vida de
ninguém. Era uma ameaça contra o maior orgulho masculino. Vou explicar mais
adiante neste documento.
Cresci e descobri que minha vocação era ser policial.
Servi por dez anos cibelianos, desde os meus 40, como soldado na Guarda Cibeliana,
ajudando a combater criminosos e dissidentes, policiando a sociedade como um
todo, colaborando com a segurança pública no novo planeta.
Eu trabalhava em regime de 24/24, ou
seja, tirava plantão de um dia e descansava no outro. Como a criminalidade no
planeta ainda era baixa (e hoje, nesse mundo femista, é ainda menor, tenho que
admitir) não tinha muitos perigos a enfrentar, como ouvia sobre as histórias do
que os policiais enfrentavam na Terra. Mas ficar acordado todo o dia e à noite
a cada 24 horas era bem cansativo.
Como muitos solteiros de Cibelis, porém,
já com meus 50 anos cibelianos (25 anos se eu fosse um humano terráqueo), nas
horas de folga entre os turnos, costumava frequentar alguns clubes noturnos,
onde eventualmente conseguia obter algum sexo casual, apesar da minha timidez
com as garotas. A meu favor havia o fato de que muitas meninas, ao curtirem a
noite, enchiam a cara de bebidas e ficavam ‘facinhas’ de chegar e pegar. O que
para mim, covarde para conquistar uma sóbria, era bem favorável.
Era assim naquele tempo. Hoje em dia, já
sob o domínio sexual das mulheres e sob a coroa de Athena, um clube noturno é
bem diferente. Mas vou registrar isso em um texto futuro que também pretendo
deixar junto com esse.
O clube se chamava Club das Nimphas.
Bem sugestivo. Segundo ela, o clube só abria nas noites de sexta para sábado e tinha
uma espécie de gincana, onde se ganhavam prêmios. Entre esses prêmios, havia recompensas
sexuais para os homens vencedores, oferecidas por mulheres contratadas. Em
termos mais diretos: prostitutas mesmo. Essas recompensas iam de um homem poder
assistir a premiadora tirar a roupa, até o sexo propriamente dito, dependendo
do grau de sucesso do premiado nas tais gincanas. Para as mulheres que
frequentavam (e que não fossem prostitutas, mas clientes da casa), a vantagem
de irem se consistia nos prêmios que variavam de perfumes a maquiagens trazidas
conservadas da Terra pelas primeiras tripulações e pela nave de suprimento, Cibelian.
Eram itens escassos muito valiosos em Cibelis F, cuja posse dava às jovens
muito status na sociedade cibeliana. Entretanto, muitas mulheres e homens iam somente
para dançar mesmo, ou conhecer gente nova. Como era o caso da doutora Michele,
que não era profissional do sexo (pelo menos até onde eu sabia), mas que gostava
de ficar por lá azarando rapazes mais novos, segundo ela mesma disse.
Entrei. Salão escuro, música tocando,
bar, pista de dança... até então, nada de novo em comparação às outras casas
noturnas que eu já frequentava no planeta. Até que uma mulher linda, loira,
vestindo um macacão comprido de látex vermelho e longas botas pretas, pegou um
microfone com a DJ (que era outra mulher linda) e começou a se pronunciar, como
quem quisesse animar a noite:
Tentei ignorar a gincana, como muitos
estavam fazendo. Continuei olhando para as garotas que estavam dançando na
pista, até que fui abordado por uma mulher que aparentava ser um pouco mais
velha que eu. Talvez ela já tivesse uns 60 anos cibelianos, mais ou menos (o
que na Terra corresponderia à idade de 30 anos). Mas uma coisa posso dizer: era
uma deusa de beleza. Cabelos castanhos, compridos e muito lisos, amarrados em
uma trança comprida; uma pele branca como neve, e olhos intensamente azuis. Aos
pés, usava um par de botas de couro cujos canos subiam até os joelhos. Um
macacão de camurça preta, de shortinho curto, marcava suas curvas deliciosas, e
um decote deixava os seios fartos e suas coxas quase que ao alcance da baba que
quase escapava da minha boca aberta. Fiquei tentando disfarçar que estava
embasbacado com tanta beleza.
- Oi, tudo bem?
Então, não estava muito a fim até agora... pelo menos... o que será que eu
ganho nesse jogo aí? – perguntei.
- Bom, dependendo
do ponto de vista, acredito que você tenha mais a perder do que a ganhar...
Disse ela com tom de mistério, piscando um dos olhos.
- Pelo visto, além
de gata, você conhece bem a casa né? Prazer, eu sou o Inácio. Tentei passar a
impressão de estar seguro.
- Bom, se com
‘conhecer bem a casa’ você quer dizer ser uma contratada, não. Digamos que eu
vim aqui nas três noites que já rolaram, desde que inaugurou. Por isso que
conheço bem esses joguinhos. O prazer é meu. Janice – se apresentou estendendo
a mão.
- Desculpa,
Janice, eu não quis insinuar nada... – respondi encabulado, sentindo a maciez
da mão dela na minha.
- “Desculpas?”
Por quê? Qual o problema em confundir uma gestora pública com uma prostituta?
Você tem algum preconceito contra as profissionais do sexo? Só pelo jeito como
estou vestida?
- Não, não, é
que... gestora pública? Nossa! Parabéns. E me desculpe.
- Não se preocupe.
Eu te desculpo se você for um bom menino e pegar um cartão lá no baú pra jogar.
Adoro ver vocês machos disputando entre si por migalhas de prazer.
- Ah sim, claro.
Putz! Aquele desafio era foda. Eu era
tímido demais para perguntar a cor da calcinha de uma gata. Fiquei ali parado
olhando para os lados, enquanto as pessoas que haviam acabado de abrir os
cartões começaram a andar caoticamente pelo salão em busca de cumprir suas
tarefas secretas.
- Bem, é
complicada mesmo, hehehe... respondi constrangido.
- Pra quem é tão
tímido quanto você nenhum jogo aqui é fácil. Me dá o seu cartão aqui, quero
ver.
- Não. É secreto,
lembra?
- Quem te disse
que eu estou te pedindo? - Disse ela, firme, estendendo a mão aberta.
Aquela beleza, aquele sorriso e aquele
tom firme e um jeito ‘mandona’ de falar comigo estavam me deixando
estranhamente excitado. Ela era diferente de todas as garotas com quem eu já
tinha conversado ou saído. Era segura de si, imponente, sabia o que queria.
Entreguei o cartão para ela, como era de se esperar de mim, um cara tímido e
intimidável por mulheres seguras e assertivas.
Nem hesitei. Saí correndo em direção à Leonora e bati em um sino que ficava próximo ao palco. Um holofote com uma luz muito forte foi apontado para mim. Leonora me viu chegar e me abordou:
- Huumm... parece que temos um ganhador... qual o seu nome? - Perguntou ela me estendendo o microfone.
- Inácio - respondi.
- Ok Inácio, quantos anos você tem?
- Cinquenta.
- Uau! Que novinho, gente! Qual
é o desafio no seu cartão? - Perguntou e voltou com o microfone próximo do meu
rosto. Respirei fundo e soltei:
- O desafio é conhecer uma garota,
descobrir o nome dela e a cor da calcinha.
O público
presente começou a ovacionar loucamente, aos gritos, depois de ouvir qual era o
meu desafio. Depois de esperar cessarem muitos uivos, assovios e gritos,
Leonora prosseguiu:
- Parabéns, Inácio, pelo visto você
conseguiu descobrir o nome e a cor da calcinha de uma garota em apenas 45
segundos! Isso que é poder de sedução, heim? – me elogiou.
- O nome dela é Janice. E a calcinha
dela é vermelha. - Respondi em um único fôlego, quase desmaiando de nervoso por
causa da timidez. A galera foi abaixo com a revelação do resultado do meu
desafio.
- E onde está a Janice? Pode vir aqui à
frente?
Janice
se acusou no meio daquela turba e foi até próximo o palco onde eu estava, e
ficou bem do meu lado.
- Você é a Janice?
-
Sim – respondeu ela, sorridente e orgulhosa.
-
Você conhecia esse gatinho?
-
Não, conheci aqui mesmo.
- Como ele conseguiu arrancar essa informação tão íntima de sua
privacidade, assim tão rápido?
-
Ah, ele soube me abordar com esse jeitinho fofo dele, de novinho inocente. Eu
fico cheia de tesão com novinhos tímidos. Daí, ele me conquistou. Ele me pediu
de um jeitinho tão meigo, que eu revelei.
-
Uau! Ela gosta dos novinhos tímidos, galera!!! <mais gente ovacionando>. Mas e aí, como
vamos ter certeza se sua calcinha é vermelha mesmo?
Fiquei impactado com a pergunta. Leonora queria uma prova de que a calcinha de Janice era de fato vermelha! Para surpresa maior ainda, Janice agarrou a lateral da barra do shortinho do macacão e começou a levantar devagar. A galera foi ao delírio. Ela levantou revelando mais de sua coxa deliciosa. Até que subiu ao ponto de aparecer o elástico fino e vermelho da lateral de sua calcinha, a qual todos viram e começaram a gritar em êxtase.
Janice sorria e
não parecia estar nem um pouco com vergonha. Leonora anunciou:
Entrei pela tal porta. Um cômodo simples, a meia-luz, com
uma cama grande,
parecendo ser bem confortável. Ao lado da cama, um móvel pequeno com uma
gaveta. Sobre o móvel, pude perceber que havia uma bisnaga grande e branca e
umas algemas. Não havia janelas nem outra porta além da que abri para entrar.
Depois de uns 20 segundos de espera, estava quase decidindo retornar ao salão,
já que não havia ninguém ali. Até que, repentinamente, uma beldade entra no
quarto: uma mulher aparentando ser também um pouco mais velha que eu, de olhos
puxadinhos e pele morena-clara, usando um vestido preto de couro e sapatos de
salto alto, também pretos. Seu semblante era sério, porém muito sedutor.
- Ah... sim,
claro. Desculpe – respondi, ainda meio sem graça.
- Tudo bem. Você
tem a desculpa de que ainda não te esclareci a respeito das regras. Para ganhar
o seu prêmio, terá que fazer o que eu mandar. Combinado?
- Ah... sim.
Entendi. Aqueles joguinhos de dominação?
- Olha só! Você
gosta de ser dominado por mulher? – perguntou admirada e sorrindo.
- Ah... nunca tive
uma experiência assim, mas parece gostoso.
- Ótimo! Fico
feliz por isso. Posso crer que seu processo vai ser bem mais fácil do que o dos
outros que eu já dominei. A partir de agora, você se dirige a mim como ‘senhora
Cláudia’. Certo?
- Certo.
- ‘Certo’? Como
assim, ‘certo’?
- Ah... certo...
senhora. Sim, senhora Cláudia.
- Melhorou. Bom
menino.
Entorpecido pelo
paladar de fêmea, mal podia perceber que ela não estava exatamente me
“premiando” por ter sido o campeão em uma tarefa de gincana. Na verdade,
analisando friamente, agora que tudo isso já passou, penso que era ela quem
estava usufruindo de mim. Na verdade, ela estava literalmente abusando do meu
tesão em benefício próprio. Mas ainda era pouco, perto do que ainda vou relatar
adiante.
- Ai!... Vou
gozar gostoso na sua cara, meu escravinhoooo.... ai...aaaahhhhhhhhhh
- Não goza sem
minha permissão, heim! Tô sentindo que você já quer jorrar essa sua porra
atrevida aqui na minha mão. Não goza! Eu ainda não deixei!
- Sim, senhora –
respondi com dificuldade e com a voz abafada pela buceta de Claudia, que se
esfregava frenética sobre meus lábios.
- Eu disse que
não era pra você gozar sem minha permissão, escravo. Você usufruiu do seu
prêmio antes da hora certa. Agora, merece ser castigado por isso.
Gelei. Ela
mencionou a palavra ‘castigo’. Eu já havia ouvido falar disso em conversas
sobre sexo com amigos, que em um contexto de dominação sexual, o parceiro bate
na submissa como forma de castiga-la por mal comportamento. Naquele caso, o
contrário, já que era a mulher que estava dominando.
- Calma,
escravo. Não vou te machucar. Fica quietinho que eu preciso terminar de ajustar
sua gaiolinha.
- Calma, menino!
Deixa de ser medroso. Eu já disse que não vou te machucar. Fica paradinho que
eu termino isso aqui rápido e você já vai ver o que é. Aposto que vai ficar com
muito tesão.
- Muito bem,
gostei de ver, ficou quietinho enquanto eu instalava seu novo aparelhinho. Olha
como ficou, rsrsrsrs...
- O que é isso
me prendendo?
- O nome é
Tártarus – respondeu Claudia me encarando e observando atentamente minhas
reações – Ainda é um protótipo, mas funciona perfeitamente.
- Pra quê? Por
que me trancar nisso? O que eu fiz?
- Nada, bobinho.
Você não fez nada. Mas vai fazer, ah vai. E vai fazer muito pela nossa causa.
- Causa? Como
assim? – perguntei sentindo um certo desespero me amassando o coração.
- Nada que vá te
prejudicar. Muito pelo contrário: se eu puder contar com sua colaboração, você
só tem a ganhar. Não vou mentir pra você: a partir de agora, você terá que
seguir algumas regras para ter a liberdade sexual de volta. Mas dependendo do
quanto você nos ajudar, poderá ter muitos privilégios se comparado a outros
homens do nosso planeta.
- Você não tem
escolha, escravo. Essa condição de eu ser sua senhora e você meu escravo não se
limita à relação sexual que acabamos de ter. A partir de agora, você é meu
escravo mesmo. De verdade. Considere-se escravizado e que terá que seguir todas
as minhas ordens a partir de agora, até que porventura um dia eu te liberte.
- Mas isso é
ilegal! Você não tem o direito de me escravizar. Não há autorização para que
pessoas escravizem as outras aqui no nosso planeta!
- Ah... sim... a
lei. Algo que mudará em breve. Você vai entender. Por ora, acho que você só vai
compreender a linguagem da dor.
- Como assim?
Dor? – fiquei apavorado.
- Essa dor...
- AAAAAhhhhhhh!
- Não! Não!...
ok, eu obedeço. Não aperta mais, por favor – respondi bufando.
- Ok. Vou soltar
suas mãos dessas algemas. Se tentar qualquer coisa, faço você se retorcer no
chão com mais um choquinho desse. Entendido?
- Entendi.
- Só isso?
‘Entendi’? – perguntou com cara de desprezo.
- Sim, ué. Estou
dizendo que entendi – respondi emburrado.
- Resposta
errada...
-... AAAAAHHHHH!
- Entendi sim,
senhora... sim, senhora – respondi, entendendo o que ela esperava como resposta.
- Ok, vamos te
soltar então.
-
Sim, senhora – respondi, me levantando para apanhar minha roupa.
-
Hum... pelo jeito que está bufando e suando, esse te deu um pouquinho de
trabalho – disse Janice, aquela que me abordara, me incentivando a participar
da gincana.
-
Hum! Deixa de ser gananciosa, Janice. Eu quero abusar dele por um bom tempo
antes de você o vender – disse Leonora, se mostrando mais assanhada.
-
Vocês estão se precipitando. Ele ainda nem foi educado na escravidão. Tem que
passar pelo treinamento de servidão que eu estou preparando para que esses
machos insolentes aprendam o seu devido lugar de capachos das filhas de Cibele.
-
Nossa, Claudia! Como você é má...rsrs – ironizou Leonora.
-
Ela, está certa, Lê. Ele ainda precisa ser adestrado pra ser um bom cachorrinho
nosso. Fora que ainda tem uma missão muito importante pra cumprir antes de tudo
– afirmou Janice.
Dentre
tudo, o que mais me intrigava era a tal “missão” que elas tinham para mim. Elas
me olhavam como se algo grandioso estivesse para acontecer. Porém eu não fazia
a menor ideia do que seria. Pelo menos até aquele momento. Mas sabia que estava
prestes a descobrir.
Continua...
Gostou? Quer ler mais contos dentro da saga antológica de "Cibelianas". Então acesse o índice que contém todos os contos, textos auxiliares e explicativos dessa saga no link abaixo:
Melhor conto de Cibelianas até agora! Ansioso pra saber o que acontece com o Felipe
ResponderExcluirManda a continuação Squal
ResponderExcluirObrigado pela força!
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