Pesquise no CMC:

Súcubo - Capítulo 2: Uma Nova Paixão



Capítulo 2 – Uma nova paixão


          - Miguelzinho... você ainda não percebeu que já me pertence? Não sabe que seu corpo é a minha propriedade? – perguntou a dominadora ruiva, com aquele sotaque típico de mulher carioca.

            - Sim... senhora?

            - Isso mesmo: ‘senhora’. Eu sou a sua senhora. Ou não sou?



            - Ah... claro... é sim. Sim, senhora.

            - E você? O que você é meu?

            - Sua... propriedade?

            - Isso. Meu escravo. Meu servo. Você se entregou para mim. Lembra? Lembra que você ofereceu seu corpo como pagamento pelo que você mais desejava?

            - Lembro... lembro sim...

            - Então... está mais que na hora de colocar em prática a sua condição perante sua senhora. Ou seja, me servir. O que sua senhora mais deseja?

            - Obediência?

            - Muito bem! Parece que aprendeu direitinho..., mas penso que somente elogiar seu comportamento não tem sido o suficiente. Você ainda se masturba o tempo todo, não é, Miguelzinho? Pode confessar...

            - Ah... sim, senhora. Mas prometo que vou parar. Quer dizer... vou tentar...parar.

            -  Vai ‘tentar’? Você vai ‘tentar’ parar de bater punheta? É isso?

            - Sim... quero dizer... acho que consigo... senhora.

            - Hahahahaha... Você é tão inocente, Miguelzinho. Não prometa aquilo que você sabe que não pode cumprir! O meu olho místico sempre vai estar vigiando você. Você não é capaz de manter essa sua mão safada longe desse seu toquinho de carne minúsculo que fica entre suas pernas! Você é um menininho safado que merece ser corrigido e educado. Pode tirar sua roupa e se deitar de bruços aqui no meu colo. Agora!



            - Como? – perguntou Miguel, ainda tentando entender o que ela quisera dizer com ‘olho místico’.

            - Se eu tiver que repetir minha ordem, seu castigo será duplicado. Vai ignorar minha ordem?

- Não! Não, senhora.

            - Isso, tira tudo... a cueca também! Agora deita aqui, no meu colinho gostoso. Minhas coxas são macias, quentinhas e lisinhas. Você vai gostar. Vou aplicar um castigo adequado. Você precisa ser reeducado pela sua senhora. Preciso te colocar na linha. Ah, esse seu bilauzinho durinho aí, pode encaixar ele bem direitinho aqui entre as minhas coxas. Quero que ele fique roçando macio entre elas enquanto você recebe o seu castigo. Quero que você sinta prazer em ser educado pela sua senhora. Não apenas dor. Entendeu?

            - Sim, senhora.

            - Muito bem. Deita. Isso. Encaixa o pintinho aqui. Hum, bem gostoso, né?

            - Muito... muito gostoso, senhora...

            - Eu sei que é... minhas coxas são macias e quentinhas?

- Sim... senhora... aahh – gemeu baixinho de prazer.

- Agora, empina bem esse rabinho pra mim. Quero sua bundinha bem exposta. Isso. A cada palmada minha, quero ouvir a sua contagem e seu agradecimento. Fui clara?

            - Sim... senhora.

            - Ok... vamos lá, então. Lá vai sua primeira palmada...<PAF!>

***

            Miguel acordou em um sobressalto, levantando-se assustado da poltrona do ônibus no qual embarcara para sua viagem rumo a Três Marias, uma cidade do interior de Minas Gerais. Aquele sonho o fizera suar de desejo e aflição. Aquela mesma mulher, ruiva e dominadora, do vídeo que assistira naquela tarde, era a que falava com ele no sonho. Ela o chamava carinhosamente de ‘Miguelzinho’ e tinha um magnetismo irresistível. Algo quase sobrenatural. O poder da atração que aquela mulher exercia sobre ele no sonho se traduziu em uma certa umidade dentro de sua cueca. Miguel percebeu que havia ejaculado espontaneamente durante o sonho. Mas como estava em um ônibus, pleno de passageiros, não havia condições de levantar o elástico de sua calça moletom para conferir. Ainda mais porque do seu lado, estava uma senhora idosa sentada. E acordada.

 Logicamente, Miguel associou o sonho à memória do vídeo que havia assistido da última vez na casa de sua mãe. Ele nunca havia se fixado em um único vídeo do site pornográfico como naquele caso. Todos os vídeos fornecidos pelo site eram como iguarias gratuitas à disposição, das quais Miguel se servia, assistindo e se masturbando continuamente. Porém, depois de visto um determinado vídeo, ele nunca mais se lembrava do mesmo, pois sempre estava atrás de novidades, de vídeos diferentes e cada vez mais excitantes. Pelo visto, aquele havia sido diferente. Indelevelmente provocante.


 Mesmo passadas duas horas do delicioso e intrigante sonho erótico, enquanto olhava pela janela do ônibus e observava a paisagem montanhosa do trecho que percorria na rodovia Fernão Dias, Miguel não conseguia parar de pensar no sonho e no vídeo. Aquela mulher ruiva e dominadora, mesmo que meramente atuando em um vídeo pornô comum de um site erótico, parecia que falava com ele. Diretamente com ele, na sua mente, no seu coração. Era como se ela o conhecesse, porém na intimidade. Era como se ela, a personagem que aquela atriz representava, pudesse ler a mente dele, suas intenções, seus desejos, suas fraquezas e seus segredos. 

            Miguel lamentava consigo mesmo, em silêncio, que naquela mesma tarde, ainda havia tentado, após almoçar, reabrir o site e continuar assistindo o tal vídeo de onde havia parado. Mas para o seu desespero, o vídeo não estava mais entre os aleatórios recomendados do dia. Pensou em digitar alguma palavra chave na busca, mas sem sucesso. Tentou “dominadora”, “ruiva”, “castigo”, “castidade”, “palmadas”, “escravo” e nada. Até achou alguns outros vídeos que tinham o mesmo teor, ou seja, mulheres dominando homens, mas nenhum chegava perto do magnetismo daquele vídeo específico. Miguel morria de raiva por não ter salvo aquele vídeo em alguma playlist ou ao menos memorizado seu título.

             Enfim, horas depois, pensando continuamente em tudo aquilo, principalmente da tristeza de não ter podido terminar de assistir aquele vídeo em especial, o ônibus virou na rua Getúlio Vargas para, em seguida, parar na vaga destinada a ele na rodoviária de Três Marias. Os passageiros se levantaram com ele e todos começaram a descer. Dava pra sentir que aquela manhã de inverno estava fria. O tempo estava nublado. Miguel dirigiu-se até o bagageiro para apanhar sua mala. Enquanto ainda estava a pendurar as alças da mala em seus ombros, uma voz feminina, ligeiramente grave e rouca soou por detrás dele:

             - Seja bem-vindo... Miguelzinho – soou sarcasticamente, com uma risadinha no final.

             Ele se virou e tomou um tremendo susto, ao ponto de perder o equilíbrio e cair no chão:  antes do tombo, teve a repentina visão da NUDEZ de uma jovem linda, de cabelos lisos e ruivos. A pele, branca como neve. Miguel sentiu que seu coração parecia que ia saltar pela boca. Em frações de segundo, seus olhos puderam “fotografar” uma moça linda e deliciosa ali, bem na frente dele e completamente PELADA! Seios redondinhos, firmes e carnudinhos, com seus mamilos rosados e pontiagudos. A bucetinha, logo abaixo, toda lisinha, suculenta e de lábios também carnudinhos e rosados!

 


            - Nossa Senhora! Você se machucou?

 

Uma outra voz feminina, desta vez mais aguda, doce e suave, se aproximou dele enquanto tentava se erguer do chão, envergonhado. Até que sentiu o toque macio e sedoso de uma das mãos daquela moça em seu ombro. Ainda estava constrangido em ter que vê-la nua, então mantinha corajosamente o olhar voltado para o chão. Até que ouviu:

             - Você é o Miguel, não é? Filho da dona Maria? Machucou?

             Ele tomou coragem e dirigiu novamente os olhos para ela. Para seu completo espanto a mesma jovem estava completamente vestida!  Era exatamente ela, pois não havia nenhuma pessoa próxima o suficiente para possibilitar que uma outra moça vestida tivesse trocado de lugar com a que ele tinha visto pelada. Mas a voz dela era completamente diferente. As pessoas que estavam ali na plataforma de desembarque, em frente ao bagageiro do ônibus, olhavam preocupadas (e risonhas também) pelo tombo que ele tinha levado. Mas não se tinha nenhuma impressão de que também estivessem vendo qualquer pessoa sem roupas ali por perto, pois os olhares eram somente para ele.

             - Machucou alguma coisa? – insistiu a moça, preocupada e com a mesma voz doce, diferente da voz rouca que o chamara de “Miguelzinho” segundos antes.

- Mar... Martinha?

            - Sou eu mesma, rsrsrs... sou sua prima, acho. Distante, mas... prima, né? – Disse meio sem graça, ao perceber que Miguel havia se abalado ao vê-la.

            - Éh... sim, somos primos de terceiro grau, né... eu acho, rsrsrs – respondeu ainda tentando se recompor do tombo.

            - Não sei, acho que sim, rsrsrs. Você está bem?

            - Estou sim. Não foi nada. Prazer em conhecê-la – disse Miguel, superando seu constrangimento e estendendo a mão para ser apertada por Martinha.

            - O prazer é meu – ela correspondeu ao cumprimento e estendeu o rosto, para uma troca de beijos no rosto, como de costume.

             Ao se aproximar mais, correspondendo ao gesto dela, pôde sentir o perfume delicioso que usava, uma doçura aconchegante que o estonteava a cada toque de suas bochechas ao se tocarem. Mesmo depois de terminados os rápidos e protocolares beijos no rosto, ainda sentia aquela mão macia, quente e sedosa segurando a sua. Somando-se isso aos beijos, passou a tremer de ansiedade e volúpia. Ele olhava para os olhos grandes e verdes dela como se estivesse hipnotizado pelo encanto feminino advindo de uma espécie de fada.

           - Não vamos até lá? – Interrompeu Martinha.

            - Onde? Vamos aonde?

            - Pra casa, uai! Acabei de perguntar. Você não ouviu?

            - Ah... sim! Claro! Vamos – respondeu encabulado soltando a mão dela.

            Miguel estava tão encantado com os olhos lindos de sua prima que nem conseguira prestar atenção no que ela dizia. Ela o convidava para irem logo para a casa de Madalena sua mãe, que havia preparado um caprichado café da manhã colonial para receber o jovem visitante. Mas nenhuma dessas informações foram captadas pelo hipnotizado jovem. Encabulado, pôs-se ao lado de Martinha, seguindo-a, ao passo que se viraram e começaram a caminhar em direção ao estacionamento.

            - Fez boa viagem? – Martinha tomou a iniciativa de quebrar o silêncio constrangedor.

            - Fiz sim. De São Paulo para cá demora bastante, né? Dormi várias vezes, mas não é um sono, digamos... reparador.

            - Verdade, não dá mesmo pra descansar. Mas aqui você vai ter tempo de sobra pra descansar... não temos nada de tão atrativo como na cidade grande, hahahaha...

             Aquela risada gostosa o encheu mais ainda de paixão (consequentemente, tesão). Foi à primeira vista. Disso ele tinha certeza. Estava apaixonado por ela. Martinha vestia uma calça jeans modestamente justa no corpo, uma blusa branca de malha e um casaco de couro preto. Aos pés, calçava botas compridas de camurça preta e de salto alto. Começou a lembrar da nudez daquela moça, parecida com Martinha, que aparecera antes, bem na sua frente e depois, sumiu como feitiço.

             - Ela está bem?

            - Oi? Quem?

            - Uai! Você é surdo, menino? Rsrsrsrs... perguntei como está minha prima. Maria. Sua mãe.

            - Ah, claro! Sim, ela está bem! Graças a Deus.

            - Acho que cansado mesmo. Só pode, rsrsrsrs... tá tão distraído.

            - Puxa, estou mesmo. Desculpe.

            - Tudo bem, eu entendo. Minha mãe preparou um quarto pra você descansar. Uma cama de casal só pra você, bem gostosa.

            - Poxa, que bom! Vou agradecê-la por isso.

             Tudo que ela fazia e dizia causava tesão em Miguel. Ao falar a palavra “gostosa” ao se referir à cama, já sentia seu pinto dar sinais disso dentro da cueca. Uma palavra “mágica” que mexia com ele.

 Enquanto caminhavam em direção ao estacionamento, entraram um corredor de cimento em meio a um extenso gramado, de ambos os lados desse calçamento. Logo à frente, havia um buraco no chão que cobria mais da metade da largura dessa passagem acimentada.  Michel, espertamente, antecipou que precisariam desviar daquele buraco no chão. Faltando poucos passos, virou-se para se posicionar atrás de Martinha, já que os dois não conseguiriam passar lado a lado sem ter que pisar na grama. Sabia que nos poucos segundos durante os quais seria natural permanecer atrás dela, teria a chance de dar aquela reparada no bumbum. E foi exatamente isso o que fez.

 


- Pode passar – disse em tom cavalheiresco, indo logo atrás dela.

  Gostosa. Sim, ela era gostosa como a mãe. Na verdade, era toda deliciosa. As nádegas deliciosamente marcadas, estufando o tecido do jeans e meneando sensualmente para cada lado a cada passo que ela dava. Martinha tinha curvas perfeitas em harmonia com todo o restante do corpo. Cabelos soltos e compridos quase até a bunda. Miguel resistiu bravamente à tentação de ficar ali atrás por mais tempo do que o necessário para desviarem do calçamento defeituoso, reparando aquela maravilha da natureza, e rapidamente se reposicionou ao lado dela para prosseguirem rumo ao carro.

             - Acho que você vai gostar da estadia em nossa casa. É humilde, sabe? Não temos muito luxo, mas... gostamos de tratar muito bem quem se hospeda com a gente. Ainda mais se tratando de alguém próximo como você.

            - Que ótimo! Agradeço muito pela hospitalidade. Aposto que vou gostar muito da casa e do quarto.

            - Vai sim... rsrsrsrs

            - Minha mãe me contou sobre uma preocupação com um tal de estuprador que estava rondando a região. Como é isso?

            - Ah, isso é cisma da minha mãe. Não tem nada disso. Ela ouviu boatos e leva essas coisas muito a sério. Mas não posso negar que sua presença conosco traz mais tranquilidade. Pra mim também, claro.

             Miguel teve seu ego insuflado, ao ouvir dela que seria um tipo de “macho protetor.”

             - Ah sim. Eu entendo. Minha mãe disse que o sítio é isolado, não é?

            - É sim. Fica longe da cidade e a vizinhança não é nada próxima. O único vizinho mais próximo é meu tio, Bartimeu, que mora sozinho no sítio do lado. Mas ele vai ficar uns vinte dias fora. Viajando.

            - Entendi. Podem ficar tranquilas que eu não vou deixar que nada aconteça com vocês.

            - Nossa, que bom. Fico mais tranquila assim.

             Miguel estava se sentindo o guardião das donzelas.

          - E pra passear por aqui? Só vindo na cidade mesmo? – mudou de assunto para disfarçar sua bola cheia.

            - Temos umas cachoeiras próximas ao sítio. Cachoeira das Abelhas, Forquilha. Acho que você vai gostar de conhecer. Se estivéssemos no verão seria melhor, mas mesmo assim tem dia que faz mais calor.

            - Claro, vou adorar conhecer. Você me leva?

            - Sim, claro que eu te levo, uai!

           Aquele sotaque de mineirinha estava o enlouquecendo. Ouvir que ela o levaria para cachoeiras, sozinhos, começou a criar fantasias em sua cabeça. Imaginou Martinha usando aquele bikini cavadinho toda molhada de cachoeira...

- Chegamos. Só não repara a sujeira, tá. É carro de roça.

             Miguel viu o carro de Martinha. Uma caminhonete F-500 antiga. Talvez da década de 70. Ao entrarem, ele reparou que era bem cuidada, apesar da parte externa. Era de se imaginar que as estradas de chão pelo interior das fazendas eram as responsáveis pela inevitável camada de poeira na pintura. Martinha ligou a caminhonete e partiram rumo ao sítio.


***


 Os primos de terceiro grau vieram conversando sobre trivialidades no caminho até o sítio. Notícias de parentes em comum, estudos e atividades do dia-a-dia. Em nenhum momento, contudo, Miguel conseguiu uma brecha para saber se Martinha tinha namorado. Nos dedos dela, pelo menos, nenhuma aliança havia. Para ele que já imaginava estar apaixonado, era um bom sinal. Mas tentava convencer a si mesmo que haveria tempo para que descobrisse. Afinal, ficaria hospedado na casa dela por três semanas. Até que, depois de sentir que o gelo inicial já havia se quebrado, resolveu perguntar:

             - Martinha, por acaso, naquela hora que eu levei um tombo bem na sua frente... tinha alguém ali perto de nós que estava estranha?

            - Estranha? Como assim? Uma mulher?

            - Isso! Tinha uma mulher, digamos... muito desarrumada para estar em... público?

            - Desarrumada? Não entendi.

             Pela resposta, Miguel já havia concluído que não era possível que houvesse uma outra mulher nua ali, naquele momento. Caso contrário, provavelmente Martinha já teria dito que sim, que havia uma louca toda pelada que saiu correndo e sumiu bem naquele momento. Miguel começou a cogitar que se tratava de uma alucinação própria dele. Talvez pelo cansaço da viagem somado ao pensamento constante em sexo e pornografia. Pensou ele.

             - Ah, deixa pra lá. Tive a impressão de ter visto uma mendiga muito esquisita, muito maltrapilha. Mas acho que foi impressão minha

            - Chegamos. Não repara, viu? Nossa casa é bem modesta.

            - Uau! Eu sempre vejo casas assim nas novelas – quis ser agradável, mas de fato a casa era bem modesta. Mas tipicamente de fazenda do interior do Brasil.

 


            Miguel se deparou com uma casa do tipo colonial, com portas grandes de madeira e janelas grandes. Típica arquitetura da primeira metade do século XX. As paredes não estavam bem pintadas. Havia um forte desgaste, revelando a nudez do reboco antigo. Na frente, uma varanda de tamanho razoável, cercada por colunas pintadas de vermelho. No fundo e ao seu lado mais a leste, havia um pequeno bosque de palmeiras e amendoeiras. Do seu lado mais a oeste, um descampado descia em um suave declive, que se estendia por uma pastagem pequena, de uns cem metros de comprimento por uns sessenta de largura, na qual havia uns cinco ou seis bois e vacas. No limite oeste do sítio, dava para ver um pequeno curral, uma pocilga e um galinheiro. Ao desembarcarem, Miguel podia sentir o cheiro de café e bolo recém assado, exalando do interior da sala de estar. Ao mesmo tempo, o odor desagradável de porcos se misturava no ambiente, dando aquela sensação única de quem chegou no interior.

             - Mãe? Chegamos! – gritou Martinha, anunciando.

            - Oi filha. Pede para o Miguel esperar um pouco aí na sala e vem aqui me ajudar com uma coisa – veio a resposta do fundo da casa.

            - Certo. Espera só um pouco tá? Pode se sentar. Já volto. – pediu Martinha.

            - Ah, claro. Sem problema – respondeu Miguel, sentando-se em um dos sofás aconchegantes.

             Enquanto aguardava ser chamado, Miguel podia reparar melhor os detalhes daquela casa que parecia ter parado no tempo. Em seu interior, a casa estava bem mais arrumada que do lado de fora. O chão era todo feito em tábuas de madeira nua, firmemente pregadas. O teto era feito de laje, com adornos de gesso listrado nos cantos entre as paredes e o teto. Paredes bem pintadas de um marrom bem claro e mobiliário antigo, mas bem conservado. Nas paredes, vários quadros de santos católicos. Algumas imagens de cerâmica também adornavam os cantos da sala, que possuía dois sofás grandes, ambos em madeira de lei e grandes assentos e encostos almofadados e de tecido bege, estampado de flores. Havia também uma mesa de centro e uma mesa de canto sobre a qual havia uma TV antiga, daquelas de tubo, com caixa de madeira, da marca telefunken desligada. Sobre a TV, havia uma pequena toalha roxa e sobre esta, um candelabro com velas acesas. Logo acima da TV, uma bela imagem de Santo Antônio portava-se sobre um altar de mármore, tipo prateleira, a uns dois metros do chão. Acima dessa imagem, havia uma pequena cruz de madeira e um quadro. Dentro do quadro, uma espécie de carta, com os dizeres “Eis a cruz do Senhor!” Quando leu essa mensagem, um estranho amargor surgiu em sua boca e um leve embrulho em seu estômago. Uma sensação indescritivelmente ruim, mas até certo ponto, suportável.  

 


            - Vamos – chamou Martinha ao surgir pela porta.

             Miguel a seguiu em direção ao interior da casa, sentindo o mal estar passar, à medida que o cheiro do café fresco e do pão recém-saído do forno iam impregnando seu olfato. Ao entrarem na cozinha, Miguel viu uma grande mesa de madeira toda forrada com uma bela toalha de xadrez vermelho e branco. Ao lado da mesa estava Madalena, sorrindo, de cabelo preso, vestindo uma blusa simples azul-claro e uma calça jeans justa e sandálias. Veio em direção a Miguel, quando o viu entrar.

             - Desculpe não ter ido te receber na sala. Estava enrolada aqui com o forno e precisei de ajuda. Tudo bem, Miguel? Fez boa viagem?

             Madalena vinha se justificando enquanto se aproximava de Miguel para o dar um abraço e os dois beijos de rosto para o cumprimentar.

             - Sim, tia. Foi uma ótima viagem – era assim que Maria, sua mãe, o instruíra a chama-la: “tia”.

            - Que ótimo! Você deve estar morrendo de fome. Vamos nos sentar, por favor, está tudo pronto para o café.

             Martinha e Miguel se assentaram à mesa, enquanto Madalena voltou em direção ao armário, talvez para buscar alguns talheres ou xícaras que estivessem faltando. Na mesa havia cesto de palha cheio de pães, bules com café, chás e leite, todos fumegando; potes de manteiga, queijos e bolinhos. Um café da manhã colonial. Depois de vislumbrar tudo aquilo, Miguel olhou para Martinha, que estava sentada bem à sua frente. Para seu espanto, os olhos dela estavam estranhos, o encarando. Era como se as írises verdes de seus olhos estivessem enegrecidas e tomado toda a parte branca dos olhos. A boca de Martinha, estava sarcasticamente risonha, ao ponto de parecer uma bruxa. Um semblante pavoroso. 



         Miguel esfregou bem os olhos e olhou novamente para Martinha. Dessa vez, ela estava com seu semblante normal:

             - O que houve, Miguel? Algum problema?

            - É.. não, nenhum – respondeu se recompondo do susto. Mais uma ilusão, seria?

            - Pode se servir, por favor, fique à vontade – disse Madalena de onde estava, do outro lado da cozinha.

             Quando Miguel olhou para Madalena, na intenção de agradecer, a viu segurando a cintura de sua calça jeans e abaixando vagarosamente, estando de costas para ele. Miguel pôde ver que ela estava sem calcinha, e conforme ela ia abaixando devagar a calça jeans, a deliciosa bunda lisinha e carnuda de Madalena ia se fazendo mostrar. 



Miguel virou o rosto rapidamente, encabulado pelo ato estranho da prima de sua mãe que mal conhecia. Olhou novamente para Martinha, no instinto de saber se ela havia percebido que ele acabara de olhar para a bunda nua de sua mãe. Porém, Martinha já se encontrava distraída cortando um dos pães. Miguel percebeu que nenhuma das duas havia percebido que ele se assustara mais uma vez.

             - Você ainda nem se serviu, menino! Vamos parar de cerimônia! Você está em casa.

      Madalena falou de onde estava, um segundo depois que Miguel virou o rosto. Imediatamente, ele olhou de volta para ela: sua calça estava no lugar, vestida. Outra alucinação? Miguel estava confuso e aflito. O que seriam aquelas visões? Por que aquilo o deixava excitado, mas ao mesmo tempo envergonhado e espantado daquela forma? Era difícil concluir em curto prazo. Resolveu, então, escolher um dos pães, começando a se servir daquele delicioso café da manhã.

             - E aí, como está na faculdade? Sua mãe me disse que você está no quarto período de tecnologia da informação... – Madalena puxou assunto, percebendo que Miguel não estava à vontade, por algum motivo ainda desconhecido para ela.

             - Ah, sim... é isso mesmo, faço TI. Tô indo bem, né... tenho que estudar muita coisa, mas é o que eu gosto de fazer.

            - E o que mais você gosta de fazer? – perguntou a “tia”, Madalena.

             Aquela pergunta atingiu Miguel como um soco no estômago. Parecia proposital. Miguel imaginou que Madalena pudesse saber de suas intimidades para perguntar aquilo de forma cínica. Será que Maria, sua mãe, havia contado que seu filho se masturbava compulsivamente? Ou será que a pergunta de Madalena foi inocente? Miguel estava nitidamente perturbado com as visões.

             - Ah... não muita coisa. Fico muito no computador... quando não estou estudando, fico jogando games.

            - Faz sentido, mãe. Ele é de TI. Deve respirar computador.

            - Ah, mas não tem amigos? Não sai de noite, no fim de semana?

                       Miguel ficou constrangido com a pergunta. Diante daquela gata, Martinha, não queria admitir que era um cara totalmente alheio aos costumes da juventude.

             - Eu... eu quase não saio muito.

            - Ah, mas aqui nós vamos sair! Se prepara. Não é uma cidade badalada, cheia de opções, mas tenho umas amigas que posso te apresentar. Você trouxe roupa de sair naquela sua mala né?

            - Ah, sim... trouxe sim.

            - Ótimo.

             Miguel estava com sua esperança abalada. Ao que Martinha deu a entender, descartava a chance de ter algo com ele, já que frisou que “tinha amigas pra apresentar”. Ao mesmo tempo, ficou consolado com a chance de conhecer garotas com uma prima facilitando a chegada. Isso porque se achava tímido demais para abordar garotas por si só. Se não pudesse ter chance com Martinha, pela qual já se considerava apaixonado, pelo menos haveria chance de perder a virgindade finalmente... quem poderia saber?

             Após tomarem café, Martinha convidou:

             - Primo, queria te mostrar o seu quarto. Até pra você trazer a mala que deixou na sala e se instalar por lá.

            - Claro! Vamos sim.

             Miguel foi até a sala, acompanhado por Martinha. Depois que ele pôs as alças da mala nos ombros, Martinha chamou:

             - Vem comigo.

             Miguel foi seguindo Martinha, enquanto aproveitou, claro, mais uma vez, para ficar fitando aquela bundinha linda meneando enquanto ela o guiava pela casa.

 


            - Aqui é o banheiro – apontou ela, percebendo que ele olhava para sua bunda enquanto passavam pelo corredor da casa.

            - Ah, sim. – respondeu sem graça, achando que ela não havia percebido seus olhares indiscretos.

                       Ela prosseguiu até o fim do corredor. Ele, indo atrás dela, voltou a fixar os olhos naquelas nádegas perfeitas, enquanto ouvia os “tocs” dos saltos das botas de Martinha se chocando contra o assoalho de madeira. De repente, ela se virou rápido para ele, como se quisesse o surpreender no ato da encarada em sua bunda.

             - Agora você chegou exatamente onde eu queria que você estivesse – disse Martinha. Mas, daquela vez, com a mesma voz rouca da moça nua que o havia abordado na rodoviária, o encarando com os olhos totalmente negros, do mesmo jeito que estavam quando ele teve aquela visão na mesa do café da manhã, meia hora antes. O susto o fez saltar para trás. Um arrepio congelante o tomou da cabeça até a base da coluna, fazendo formigar até a ponta dos pés. Ainda o encarando com os olhos negros e um sorriso sinistro, Martinha prosseguiu:

             - Esse seu desejo será satisfeito. Está disposto a pagar o preço? – com a mesma voz feminina mais rouca.

            - Não... não entendo. Como assim, Martinha?

              Martinha (ou fosse lá o que era aquele ser que a substituira repentinamente), começou a se aproximar vagarosamente de Miguel. Caminhando sensualmente, aproximou o rosto do dele, que esperava sem conseguir se mexer, como se uma força sobrenatural o aprisionasse no lugar. Como que num passe de mágica, a roupa de Martinha desapareceu de seu corpo! Ela estava, repentinamente nua, como na rodoviária. Começou, então, a tocar levemente o pescoço de Miguel com as duas mãos, acariciando sob as orelhas e causando ainda mais arrepios.



 Aproximou ainda mais seu rosto e chegou com a boca até o ouvido esquerdo, sussurrando:

             - Quero saber se você faria qualquer coisa para ter essa bundinha só pra você. Me daria qualquer coisa que eu te exigisse em troca?

           Miguel não sabia se sentia medo ou tesão. A tentação era extremamente forte para ele, mero adolescente cheio de hormônios resistir. De qualquer forma, sua resposta estava duplamente direcionada a ceder:

            - Sim... – respondeu engolindo seco.

        - Ótimo. Só que você ainda está muito cansado. Precisa dormir um pouco – disse, aproximando os lábios dos de Miguel.

             O pobre e paralisado jovem pôde sentir o toque quente e molhado da boca de Martinha em sua boca. E fechou os olhos. De súbito, saltou de uma cama, como se emergindo de um pesadelo terrível. Olhou ao seu redor e estava sozinho, nu e deitado sobre a cama do quarto que Martinha havia indicado que seria seu local de hospedagem, debaixo de cobertores aconchegantes de pele.

            Ao seu lado, estava a mala sobre uma cadeira de madeira. Olhou no relógio antigo na parede que apontava que eram meio dia. No quarto, só havia a cama de casal, uma cômoda velha de maderia, sobre a qual havia várias pequenas estátuas de santos católicos, um guarda-roupas também de madeira envelhecida e a cadeira.

             O pavor tomou conta de Miguel. Já não sabia se estava em condições de diferenciar a realidade das visões que tivera naquela chegada a Três Marias. O silêncio da casa o assombrava ainda mais, pois estava amedrontado em ter que levantar e se encontrar de novo com aquela figura maquiavélica com a mesma aparência e gostosura de Martinha. Ou ainda em ter que ver Madalena tirando a roupa em sua frente, para em menos de um segundo depois, cair em si de que fôra somente uma ilusão.

             - Oi! Já tá acordado?

             Miguel levou um grande susto, puxando ainda mais o cobertor sobre si, até cobrir o rosto. Era Martinha, mas com a voz normal, suave e feminina.

             - Ai, desculpe, primo. Não queria te assustar.

             Miguel descobriu o rosto.

             - Ah, tudo bem. Eu tive um sonho muito estranho.

            - Você está cansado mesmo. Dormiu daquela hora até agora, rsrsrsrs...

            - Ah, sim. Preciso me vestir.

            - Ah, certo, não sabia que estava sem roupa. Preciso te mostrar uma coisa que você não vai querer perder. Quer que eu te mostre?

            - Ah... quero sim. O que é? – perguntou ainda associando à visão que tivera de manhã mais cedo antes de apagar.

            - Ah, é surpresa. Aposto que você vai gostar. Vou pra sala. Daí você se veste e vem que eu te levo lá.

            - Ah, ok.

            - Tenho certeza que você nunca viu nada igual. Aposto que você vai ficar apaixonado.

 


 Capítulo 3 - A Invocação


Índice com todos os capítulos: 📄

5 comentários:

  1. Sissy.30@hotmail.com27 de agosto de 2022 às 12:41

    Amei .já estou ansiosa pra ler a continuação.

    ResponderExcluir
  2. Muito bom, Squal. Já quero saber o que o destino reserva para o
    miguelzinho kkkk abraços!

    ResponderExcluir
  3. Muito bom, espero que a continuação saia logo

    ResponderExcluir
  4. Simplesmente fantástico! Obrigado por nos presentear com mais uma bela obra, Squal. Aguardando a continuação

    ResponderExcluir

Fala Galera! Fiquem à vontade para comentarem, escrevam o que acharam da postagem! Os comentários anônimos estão liberados. "SEUS INCENTIVOS SÃO O COMBUSTÍVEL DA MINHA CRIATIVIDADE"

Para os que estiverem usando dispositivos móveis, sugiro rolar até o final da página e clicar em "Ver versão para a web". Vão aparecer a barra lateral de ferramentas e mais recursos.