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Súcubo - Capítulo 3: A Invocação



Capítulo 3 – A invocação


            Miguel estava percebendo a diferença entre a cidade grande e o pacato ambiente do interior. O silêncio da noite, a não necessidade de correria, como faculdade, trânsito, cobranças de Dona Maria, sua mãe... tudo parecia indicar que a calmaria na roça o faria relaxar. Mas somente estando na pele dele mesmo para saber o turbilhão de sentimentos que o oprimia desde a sua chegada.

            Martinha, que já havia trocado de roupas, o havia chamado de seu quarto para acompanha-la para a revelação de uma surpresa. Enquanto se vestia, ela o aguardava do lado de fora do quarto. Enquanto isso, repetia em pensamento a frase que acabara de ouvir dela:

             “Preciso te mostrar uma cisa que você não vai querer perder. Quer que eu te mostre? Aposto que você vai gostar Vou pra sala. Daí você se veste e vem que eu te levo lá.”

             Miguel já estava havia quase 24h sem se masturbar. Para um garoto da idade dele, viciado em pornografia como era, horas sem bater punheta eram uma eternidade. Já sentia a pressão de querer gozar, alimentada pela atração que sentia por Martinha e as visões eróticas tanto dela quanto de Madalena.

No coração daquele jovem tímido, acuado, excitado e perdido em meio àquele ambiente desconhecido e remoto, aquelas palavras pareciam lhe apetecer como se fossem um fio de esperança de que tudo mudariam para melhor. Mil possibilidades passavam por seus pensamentos. Será que ela o chamava para mostrar o corpo nu novamente? Será que estava tentando o seduzir? Será que o levaria para algum lugar para o matar? Aquela dicotomia de sentimentos (medo e tesão) mexia profundamente com seus hormônios e a sua paz.

            Quando enfim terminou de se vestir, dirigiu-se cautelosa e desconfiadamente até a porta do quarto. Preparava-se para ver novamente o rosto desfigurado e os olhos enegrecidos da “outra Martinha”. A Martinha de suas visões assustadoras e distorcidas da realidade. Visões que o fizeram crer, inclusive, que precisava de algum tratamento. Miguel já tinha ouvido falar de uma doença chamada esquizofrenia. Será que estaria padecendo dos primeiros sintomas? Será que aquelas visões eram uma alucinação psíquica provocada pelo somatório de sua obsessão por pornografia e da culpa religiosa pela masturbação?

                        Miguel estava sem se masturbar desde antes de tomar banho para se arrumar para a viagem. Ou seja, bateu uma punheta de tarde, após o almoço, daquela vez lembrando-se da ruiva do vídeo que não conseguia mais achar no site pornô. Durante a punheta, imaginava-se deitado sobre o colo daquela dominadora ruiva, levando tapas enquanto seu pequeno pênis roçava nas coxas macias e tenras de sua dominadora, o que levou rapidamente ao ápice. Um orgasmo sensivelmente mais forte do que outros que já tivera com vídeos pornô “convencionais”. Depois disso, arrumou as malas e foi para a rodoviária, acompanhado de sua mãe, para pegar o ônibus para Belo Horizonte, às 16:00. Ao chegar na capital mineira pela madrugada, ainda teve que esperar pelo outro ônibus, para baldear pela viação Sertaneja, rumo a Três Marias. Em toda a viagem, não encontrou um banheiro sequer, minimamente limpo e cheiroso, que possibilitasse ter tesão de bater uma. Chegou na rodoviária, foi para a casa de Madalena, tomou café, dormiu e ali estava. Desde que descobriu o prazer da punheta, aos doze anos, nunca havia ficado tantas horas sem se tocar. O tesão estava em um nível elevado para um rapaz no auge de sua testosterona.

 - Então? Vamos? – perguntou Martinha, sorrindo.

            Como já era meio-dia, o calor daquele horário levou Martinha a escolher um top rosado cheio de paetês e bem cavado. Um short jeans matador a vestia parcamente os quadris. Um short daqueles apertadinhos e curtinhos que deixam aparecer uma parte sutil das dobrinhas entre a bunda e as coxas. Miguel percebeu esse detalhe das polpinhas aparecendo justamente porque Martinha virou-se para guia-lo até onde fosse o local onde estaria a tal “surpresa”. Ele foi indo atrás dela e, mais uma vez, babando naquela visão apetitosa das ancas de Martinha. 

             Ele a foi seguindo até o lado de fora da casa. Deram a volta pelo lado leste, onde a parede lateral da casa dava para o pequeno arvoredo de palmeiras e amendoeiras. No sopé da parede, bem na direção da janela do quarto onde Miguel estava hospedado, havia uma pequena construção de alvenaria com mais ou menos um metro de altura por um metro e meio de largura. Sob ela, uma pequena porta de madeira trancada com um cadeado.

            Martinha se inclinou para baixo para abrir. Miguel sentiu seu coração quase saltar pela boca, pois ela empinou aquela raba deliciosa na direção dele para alcançar o cadeado logo ali embaixo. Dava para ver as marcas clarinhas da dobra das nádegas de Matinhas, esticadas pela extensão das pernas. Pensou que só podia ser de propósito. “Ela está querendo me deixar louco de tesão. Só pode. Não tem como ela estar fazendo isso de forma inocente...” Pensava consigo.

             - Vem comigo. Quero te mostrar o que temos no porão, antes que minha mãe chame a gente pro almoço.

            Martinha se abaixou e entrou pela pequena abertura que dava no início de uma escada de pedra bem estreita, rumo à escuridão. Miguel viu Martinha sumir lá para baixo e ficou olhando, do lado de fora.

            - Vem, primo! Deixa de ser medroso! Não tem nada de mais aqui.

             Miguel se lembrou dos olhos completamente negros da Martinha de suas visões. Sentiu um leve tremor percorrer da cabeça até a lombar e se estender até os pés. Respirou fundo, tomou coragem e começou a descida. No caminho através dos degraus descendentes, em completa escuridão, o medo de pisar em falso e cair o fez lembrar de acender o led do celular. Sacou o aparelho do bolso e acionou o aplicativo da lanterna. A luz revelou um amplo espaço, uns três metros de profundidade, com as mesmas dimensões planas da casa. Sem janelas. Martinha acendeu a luz de algumas lâmpadas, daquelas incandescentes antigas. O porão continha algumas grandes caixas cobertas por lona. Em cada uma dessas lonas estava pintada uma figura de crucifixos, o que chamou a atenção de Miguel de maneira especial. Em um dos cantos do porão, na direção norte, havia uma pequena estante velha e empoeirada. Sobre uma das prateleiras, uma caixa de madeira comprida e estreita.

             - Acho que meu pai guardava aqui. Será que ainda funciona? – disse Martinha abrindo o cadeado que prendia a tampa.

            - O que tem aí? – perguntou Miguel.

            - Você já vai ver.

             Martinha abriu a tampa. A curiosidade de Miguel a respeito do conteúdo da caixa foi tanto que ele até conseguiu esquecer de olhar para o decote do shortinho dela. Ambos apontaram seus leds acesos para dentro da caixa. Miguel viu, com certo espanto, uma espingarda de modelo antigo dentro da caixa. Ela estava encaixada em um molde camurçado vermelho, exatamente do seu formato. Ao lado, um dos compartimentos do molde guardava alguns cartuchos.

             - Era do meu pai. Ele deixava guardada aqui para o caso de um dia precisarmos. Que tal se a gente sair por aí à tarde para você dar uns tiros comigo?

            - Uau! Que interessante. Eu nunca vi uma arma de fogo na minha vida. Você me ensina?

            - Aí é que está, rsrsrs. Eu nunca nem sequer mexi nessa arma. Vamos descobrir juntos?

            - Claro, vamos sim – respondeu Miguel, todo empolgado em imaginar-se sozinho com Martinha nas extensas fazendas da região.

            - Martinha! Miguel! O almoço está pronto! – O grito de Madalena soou até o porão por entre as frestas do assoalho.

            - Ih, vamos primo. Minha mãe chamou.

             Subiram rapidamente e sentaram-se à mesa.

            - Mãe, vou levar o Miguel pra conhecer melhor o sítio agora depois do almoço, tá.

            - Tá bom, filha. Aproveitem mesmo que esse horário é o mais quente do dia. Chega final da tarde esfria tanto que nem parece que fazia tanto calor horas antes.

            Miguel olhou para Madalena, prima de sua mãe. Diferente de quando chegou cedo, pela manhã, não teve visão dela nua, mas ela havia trocado de roupa. Estava sensivelmente mais sensual do que antes da soneca que tirou até minutos antes. 

            Vestia um conjunto de top de tiras e saia todas em um tipo de tecido preto e brilhoso, látex talvez, que demarcavam bastante seu corpo. Maquiada como se estivesse pronta para sair em alguma balada ou festa de solteiras. Simplesmente linda e exuberante. Miguel não conseguia evitar de fitar os olhos naquela mulher mais velha, gostosa e incrivelmente atraente. Lembrava em muito a dominadora do vídeo que assistira e nunca mais achou.

Entre assuntos triviais e mesmo com as olhadelas quase indiscretas de Miguel, tanto sobre Martinha quanto sobre Madalena, o delicioso almoço transcorreu sem aquelas visões eróticas e espirituais atormentando a mente de Miguel.

Com isso, os dois jovens primos de terceiro grau saíram. Passaram de novo no porão para apanhar a arma. Martinha deixou que Miguel a levasse.

            - Eu conheço um lugar muito interessante aqui perto. É uma mina antiga, do tempo colonial, quando extraíam ouro pra mandar pra Portugal. Quer conhecer? A gente pode atirar por lá, pois é bem afastado de qualquer casa das fazendas vizinhas. O barulho dos tiros fica abafado lá dentro – disse Martinha, em tom de malandragem. 

            - Vamos, sim! Claro – respondeu Miguel, sentindo-se excitado por imaginar Martinha o levando para transar dentro da mina. Sabia que era um devaneio, mas com a mente impregnada por sexo, apesar de virgem, só conseguia pensar sacanagem. A roupa de Martinha contribuía muito para essas fantasias, claro.

            No caminho até a tal mina, ambos percorreram extensas trilhas marcadas por gado ao longo de algumas fazendas vizinhas. Martinha ia falando com Miguel sobre como é a região, as pessoas que conhece da cidade e outros assuntos, enquanto Miguel ia respondendo meio que automaticamente, desconcentrado do que ouvia dela, e focado em suas pernas lisinhas e suas ancas carnudas e expostas pelo cavado do shot jeans.

            Até que depois de caminharem por uns trinta minutos, avistaram o morro onde Martinha indicou que havia a mina.

            - É ali no sopé daquele morro. Vamos lá, estamos chegando.

            - Certo.

            - Tira o dedo do gatilho, por favor. A arma está carregada, lembra?

            - Ah, sim... certo.

            Estranhamente, o tempo se fechou de forma abrupta. O céu que, poucos minutos antes, estava ensolarado e com poucas nuvens brancas, se apinhou de pesadas e cinzentas nuvens de chuva, soando trovões e riscando o céu com relâmpagos constantes.

            - Uai, como assim, armando chuva tão de repente! – exclamou Martinha.

            - Nossa... tá ficando escuro. Parece que o sol está se pondo em pleno meio-dia.

            - Né? Ainda bem que está chegando a caverna, pra gente se proteger da chuva, caso ela comece a cair.

            - Falta quanto?

            - Logo ali. Uns três minutos, a gente chega.

            De fato, não muito tempo depois a abertura da caverna já estava visível. Entretanto, um forte cheiro de podre alcançou o olfato de ambos, indicando talvez alguma carcaça de animal morto nos arredores.

            - Nossa... que cheiro terrível – exclamou Miguel.

            - Uai, deve ser um cavalo morto aqui perto... AAAAAiii!

            Martinha deu um grito e agarrou a cintura de Miguel. Acabava de falar da possibilidade de ser um cavalo morto e, de fato, havia uma carcaça de um, caída logo ao lado, meio encoberta por uma vegetação queimada.

            - Que susto, primo. Ainda bem que você está do meu lado, se não acho que tinha desmaiado.

            - Calma, prima. É só um cavalo morto – consolou Miguel, já de pau duro por sentir o perfume dos cabelos e o abraço macio e quente de Martinha.

            Depois que Martinha se recompôs do susto, os dois observaram com mais atenção o corpo do cavalo. O corpo dele estava extremamente magro, apesar de parecer que morrera havia pouco tempo. Havia marcas estranhas na pelagem do animal, como se fossem uns desenhos pontiagudos que lembravam estrelas, mas com letras também estranhas, como se fossem de um outro alfabeto.

            - Nossinhora, que marca esquisita esse fazendeiro marcou no cavalo dele. Nunca vi marcar assim tão feio o gado – comentou Martinha.

            - Feio mesmo...

            De repente, a chuva desabou. Forte. Os dois não tiveram escolha a não ser se atirar para dentro da caverna escura.

            - Vamos acender nossos leds pra iluminar aqui dentro. – propôs Miguel.

            - Ah, sim. Daí a gente vê se tem uns morceguinhos pra usar como alvo da espingarda, rsrsrs... apost que você erra todos – desafiou Martinha.

            - Nunca atirei de verdade antes, mas jogo muito CS, rsrsrs...

            A caverna não era tão ampla em seu interior. Ambos iam caminhando adentro com seus smartphones iluminando um corredor de uns dois metros de largura por uns três de altura. Nas paredes, era possível identificar antigos suportes de lamparinas feitos em metal, todos bem enferrujados.

            - Antigamente, isso aqui era uma mina de extração de ouro e pedras preciosas. Do tempo colonial ainda. Agora, é frequentado por gente esquisita à noite. Casais pra fazer besteira e maconheiros, por exemplo – explicou Martinha, sendo possível ouvir certo eco de sua voz, vindo do fundo da caverna. O que indicava que um espaço maior estava próximo.

            - Como assim, Martinha? E se tiver um maconheiro aqui agora? O que a gente faz?

            - Uai, tá armado, homem... do que ter medo?

            - Certo... verdade – respondeu Miguel, hesitante.

            Logo chegaram no fim do corredor que se abria para uma câmara maior, em formato quadrangular, com aproximadamente dez por doze metros, e o teto de pedra a uma altura de uns cinco metros.

            - Olha lá pra cima. Acho que tem uns morcegos pendurados ali – disse Martinha.

            - Será que eu acerto?

            - Aponta e atira, uai.

            Miguel tremia de medo enquanto apontava a arma. Antes que pudesse apontar melhor a mira nos morcegos, o disparo saiu. <POW>

            Imediatamente, uma horda de morcegos debandou em uma revoada densa por sobre as cabeças de Marinha e Miguel, que saíram correndo com o susto.

            -Aaiiii.... socorro – gritou Martinha enquanto corria ainda mais para o interior da mina, seguida por Miguel, desorientado pela quantidade de morcegos que os seguiam.

            O casal correu por um corredor estreito que conduzia a uma pequena câmara, mais ao fundo da mina. A escuridão era amenizada apenas pelos leds dos dois smartphones. Ao chegarem na câmara, um cubículo de 3x4 metros, Martinha agarrou Miguel pela cintura e disse em desespero:

            - Ai, Miguel, me protege! Eu tô com muito medo. Tenho pavor de morcego.

            - Os morcegos já estão diminuindo, Martinha. Minha preocupação agora vai ser a gente sair daqui. Você sabe onde nós estamos? Parece que...

            Repentinamente, antes que Miguel pudesse terminar de falar, o chão cedeu embaixo dos dois primos, que caíram junto com escombros para o fundo de um buraco escuro, com uns três metros de altura! Já caídos no fundo daquele buraco, em completa escuridão, Miguel perguntou:

            - Martinha, você está bem? Não estou te vendo! Não acho meu celular.

            O silêncio imperava. Para o desespero de Miguel, Martinha não respondia. Começou a tatear no chão, em busca dela ou de algum celular na esperança de poder acender uma luz.

            - Martinha! Martinha! Me responde! Onde você está?

            Miguel continuava tateando o chão, só conseguindo sentir que tocava em pedras e terra. Até que, depois de muito procurar, em total desespero, tocou em algo metálico, no formato de uma caixa. Tateou mais um pouco e percebeu que havia uma espécie de chave-borboleta, daquelas que se aciona girando suas abas com os dedos. Girou a chave e escutou uns estalos, como de pedrinhas triscando. Insistiu no girar da chave até que uma pequena chama se acendeu dentro de uma lamparina antiga, que ainda armazenava um resquício secular de querosene. O buraco no qual caíram estava iluminado.

            A impressão de que haviam caído em um buraco estreito, como se fosse um poço, foi totalmente debelada com a iluminação proporcionada pela lamparina. Miguel iluminou em torno dos escombros para ver se achava Martinha. Nada. Martinha havia sumido. Desesperado, Miguel supôs que ela pudesse estar soterrada, mas a quantidade de escombros do chão que cedeu não era suficiente para cobrir completamente uma pessoa. As pedras estavam bem espaçadas sobre um chão liso e pavimentado com grandes pedras, o que descartava a possibilidade de que Martinha pudesse estar soterrada.

            Miguel respirou fundo e tentou se acalmar, consciente de que teria que percorrer a área ao redor para encontrar Martinha e, em segunda prioridade, os celulares e a espingarda que estava em sua mão até antes da queda. A lamparina antiga que achou era de grande ajuda. Prosseguiu por um outro corredor entre pedras escavadas, ainda mais subterrâneo, indo em direção ao mais profundo da mina abandonada. Percebia que nas paredes pedregosas da mina haviam pinturas estranhas, como símbolos de estrelas, bodes e letras rúnicas.. Ao chegar no fundo de uma câmara, havia uma figura escavada em relevo de uma mulher com uma menina, aludindo a uma mãe com sua filha e um símbolo bem semelhantes à marca que havia timbrada no cadáver do cavalo que jazia à porta da mina, lá fora no alto: 

 

Logo ao lado da imagem, havia umas inscrições, ao que tudo indicava, em Latim. Miguel, em um misto de curiosidade e inocência, resolveu ler em voz alta. Miguel sentiu algo estranho enquanto lia, um aperto no peito, uma angústia que o transtornava. Ao mesmo tempo, e muito estranhamente, um tesão como nunca sentiu tomou conta de seus genitias, o fazendo ter uma forte ereção dentro da cueca. Mesmo com a angústia amedrontadora que o arrebatava a mente, resolveu dar vazão ao tesão espiritual de ler os inscritos e terminou toda a frase. Assim que leu a última palavra em latim aportuguesado, uma calmaria o alcançou, diminuindo-se a angústia e, da mesma forma, o amolecimento de sua rígida ereção. Até que, subitamente, Miguel escuta uma voz feminina rouca, por trás de onde estava, que o fez arrepiar de cima a baixo:

- Você não tem sido um bom menino ultimamente, não é Miguelzinho?

- Uuuh! Que susto! Quem é você? Quem está aí? – perguntou apontando a lamparina na direção da voz e com o coração quase saindo pela boca.

A resposta a Miguel foi um silêncio tenebroso. Miguel resolveu caminhar mais na direção de onde veio a voz, trêmulo como vara verde na ventania. Quando, de repente, a lamparina apagou. O medo tomou conta e o pavor o fizeram gritar mais uma vez:

            - Quem está aí???

            - Sou eu. A que você invocou agora a pouco.

            - Invoquei? Como assim? – Miguel já estava percebendo que a voz era bem parecida com a de Martinha quando estava “possuída” naquelas visões que tivera horas antes.

            - Você me chamou, meu cabritinho. Assim que leu as runas da minha invocação naquela pedra.

            Miguel olhou com mais foco e, após os olhos se acostumarem com a escuridão novamente, podia enxergar um par de olhos com um brilho tênue de cor púrpura, a uns dois metros de onde estava.

            - O que quer de mim?

            - Quando me invocam, normalmente é para fazer negócios. Não sei se sua intenção era essa, mas tenho te observado desde que chegou. Mandei sinais para você, lembra?

            Nesse momento, a lamparina se acendeu novamente, sem que Miguel sequer tivesse tocado na chave geradora de faíscas. Então, iluminou-se o rosto e o corpo de Martinha, com os olhos enegrecidos e brilhando aquela mesma luz parca e esfumaçada de cor roxa. Sua pele estava ligeiramente mais avermelhada do que de costume. Sua roupa já não era mais aquele top rosa e aquele shorinho curto, mas um tipo de vestimenta negra de couro toda cavado e colado ao corpo dela, revelando as generosas formas femininas de Martinha.  


            - Mar... Martinha?

            - Sim, o corpinho é o dela. Mas não é ela quem fala contigo, meu cabritinho.

            - Deixa ela em paz. Me deixa em paz... – pediu Miguel em voz hesitante.

            - Calma, não está disposto nem a ouvir o que eu tenho a te propor?

            Miguel hesitou. Uma ereção nova começou a esboçar-se entre suas pernas. Havia algo na voz e no olhar de Martinha, ou quem quer que a estivesse possuindo, que o faziam quase ficar hipnotizado. Ela se aproximou de Miguel devagar. Olhando em seus olhos. Apavorado, Miguel estava congelado de medo, mas também de um tesão de origem inexplicável. Até que o rosto de Martinha se aproximou muito do de Miguel, ao ponto de ele poder sentir sua respiração quente em seus lábios. O hálito de Martinha era delicioso.

            - Está sentindo essa comichão de prazer no seu pintinho? – Perguntou Martinha acariciando levemente com as pontas dos dedos as genitálias de Miguel, por cima do tecido da calça.

            - Sim... – respondeu Miguel encabulado e, ao mesmo tempo, excitado. Como ela podia saber que ele tinha um micropênis? Será que pelo toque?

            - Então. Posso lhe proporcionar muito mais que isso. Posso te dar todo o prazer que sempre sonhou e a realização de todas as suas fantasias. E isso inclui poder usufruir de relações íntimas com Martinha e com Madalena nos momentos em que for propício – ofereceu Martinha, retirando os dedos da calça de Miguel.

            - O quê? Sexo com elas? Está louca! Eu não vim pra transar com as duas! São parentes nossas, isso seria... isso seria ums...

            - Uma delícia?

            Ao dizer a palavra “delícia”, Miguel sentiu um leve umedecimento de sua cueca. Uma gotinha de ejaculação espontânea seguida por um choquezinho leve de prazer, como um semi-orgasmo.

            - É... sim, mas isso é uma coisa muito... errada...

            - Hum... “erradinha” assim é mais gostoso, certo?

            Os dedos de Martinha voltaram a tocar de leve suas genitais, dessa vez com o zíper arriado. Por cima do tecido da cueca melada de Miguel. Outro espasmo, dessa vez percorrendo não somente o pênis e as bolas de Miguel, mas se serpenteando por seu ânus, nádegas, quadris e colunas, subindo como uma onda lenta de energia elétrica, causando uma sensação indescritível de prazer.

            - Aaahhh... certo... mas...

            - Tá gostosa essa sensação, não é? Meus dedinhos fazem um carinho gostoso? E se eu te dissesse que isso é migalha perto do que eu posso te fazer sentir e experimentar, usufruindo secretamente desse corpinho delicioso e da mãe dela, sem que absolutamente ninguém, nem elas mesmas saibam disso?

            Somando-se a onda quase orgástica que latejava pelo corpo de Miguel, esse argumento de que ninguém, nem elas mesmas, saberiam das safadezas permitidas por aquela entidade, foi contundente para que Miguel considerasse a proposta como discutível:

            - Ok... ok... hhmm... (gemido de prazer)... vamos supor que eu aceite esse...

            - Pacto.

            - Isso... esse pacto... o que você ganha com ele? Já ouvi dizer que nada é de graça quando se trata de negócios com seres como você.

            - Huuum... fiquei até ofendida agora... “seres como eu”... como assim?

            - Você não é uma... um... demônio?

            - Sim, e não. Na verdade, sou a filha de uma dissidente da Luz. Lilith, é o nome da minha mãe. A primeira mulher. Você leu o nome dela naquelas inscrições, lembra?

            - Ah... sim.

- Então, antes do princípio de tudo, o Criador a colocou nesse mundo para se sujeitar ao primeiro-homem. Mas ela, sabiamente, digo, não aceitou ser subjugada e se retirou do jardim. Eu sou filha dela com um dos guardiões degenerados. Lembra do dilúvio?

            - Lembro... hmm (mais um gemido de prazer em reação aos toques libidinosos de Martinha).

- Então... se posso ser considerada “demônio” só por ser desse ramo da criação, sim, eu seria uma ‘demoninha’ bem gostosinha. E fui sim concebida e consagrada para dar prazer aos humanos comuns, como você em troca do meu alimento preferido. Esse prazer que tenho a oferecer é muito mais elevado do que o do sexo comum com humanas. Basta firmarmos nosso pacto.

- Tá... hmm.. tudo bem... o que teria que te dar em troca?

- Hum... chegamos ao ponto mais divertido do nosso negócio. Eu quero sua energia masculina. Preciso me alimentar dela para prorrogar por mais e mais tempo a minha liberdade de agir no seu plano de existência. Em troca, você terá acesso aos corpos deliciosos de Martinha e de Madalena, possuídas por mim, totalmente inconscientes do que estiverem fazendo e sem nenhuma memória do tempo em que estiverem em contato íntimo com você. 

Miguel só ouvia assustado e muito excitado com cada uma daquelas palavras. Covardemente, Martinha, ou a entidade que a possuía, usava os dedos dela para massagear ainda mais prazerosamente as genitais de Miguel, dessa vez com a cueca arriada, também, fazendo com que o pintinho durinho e as bolinhas estivessem sendo diretamente massageadas pelos macios e quentinhos dedinhos dela. 

- Eu sei que você é um punheteiro de carteirinha, Miguelzinho. Eu posso te livrar desse vício e você nunca mais vai ter que usar suas mãos novamente para se dar prazer. Não acha que está na hora de deixar essa virgindade de lado e ter contato direto com essas duas gostosas de uma vez? E ainda podendo pular toda a parte difícil de ter que conquistar e morrer de medo que alguém da família descubra tudo?

            - Hmmm..aahhh...

            A entidade percebeu que Miguel estava quase caindo em sua ardilosa rede de tentação e lascívia. Prosseguiu:

            - Eu sei do seu fetiche mais recente. Ser corrigido sensualmente por uma mulher dominante e erótica. Aquele vídeo que você perdeu, lembra? Fui eu quem carreguei ele lá. Fiz você assistir. Percebi que você adorou. Colocarei Madalena e Martinha não como uma dominadora ruiva, mas como duas, mãe e filha, cooperando para o seu prazer como submisso sexual. Se preferir, coloco Uma das duas como sua dominadora e a outra como sua submissa. Que tal. Fica a seu critério. Mas não precisa decidir agora.

            - Hmmm.. aahhh...

            - Hum, estou vendo que essas minhas palavras estão fazendo você se aproximar de uma gozada bem gostosa... Se você aceitar o acordo, eu ponho minha boquinha nessa sua torneirinha para fazer minha primeira refeição do dia. Eu estou com muita fome de porra. Eu chupo muito, mas muito gostoso quando estou faminta assim. E então? Temos um pacto? – disse retirando os dedos do pênis de Miguel.

            Aquela situação já estava totalmente fora do controle de Miguel. A tentação era absolutamente pesada demais para que qualquer resquício de força moral ou religiosa pudesse ajuda-lo a resistir.

            - Ahh.. tá bom... tá bom... eu quero. O que eu tenho que fazer?

            - Muito simples: você vai ser minha fonte de energia vital enquanto durar nosso pacto. Eu vou me alimentar do seu esperma sempre que eu quiser, te fazendo gozar ao meu bel prazer, quando EU quiser e do jeito que EU desejar. Em troca, você vai usufruir do prazer de poder tocar nas duas primas gostosas com toda a segurança que eu já te expliquei.

            - Quero... hmm quero sim...

            Miguel olhava para o rosto de Martinha, com semblante sarcástico e triunfante ao mesmo tempo. Ela sorriu maquiavelicamente e determinou:

            - Nosso pacto tem que ser assinado. Tire toda sua roupa para fazermos nosso ritual.

            Miguel tremeu de medo ao ouvir que sofreria um ritual. Mas o tesão estava forte demais para fazer com que desistisse. Tirou toda a roupa.

            - Agora, encoste-se sobre aquela pedra ali – apontou para o fundo da mina.

            No momento em que a entidade em Martinha apontou com o dedo para a direção da pedra a que se referia, seis tochas se acenderam espontânea e simultaneamente, sem que ninguém mais estivesse ali para isso. As seis tochas estavam encaixadas nas paredes de uma outra câmara, em formato redondo, iluminando ao centro uma pedra grande, sobre a qual estava cunhado o mesmo símbolo que havia na parede da mãe e da filha com as escritas de invocação. Miguel viu quatro grilhões que, dada a marca escura que sujava a pedra, servia para prender os braços e as pernas de um ser humano adulto. 

 

            - Mas... o que vai acontecer comigo ali?

            - Ué... nosso acordo somente. Vou ter que te prender para garantir que sua parte será cumprida, mas me comprometo a não lhe machucar. É dali que eu vou extrair seu gozo gostoso pra satisfazer minha fome. Você só vai sentir prazer. Mais nada.

       Miguel se deixou convencer e se posicionou nu, encostado de costas na pedra, posicionando seus braços e suas pernas de forma que a entidade que possuía Martinha pudesse prender seus pulsos e tornozelos nos quatro grilhões firmemente fundidos à pedra.

            - Muito bem, meu cabritinho lindo. Agora, vamos ao ritual. Está pronto? – perguntou Martinha com a voz rouca e sinistra.

            - Sim – disse Miguel fechando os olhos e tremendo.

            - Muito bem... vamos então.

            O pequenino pênis de Miguel estava completamente flácido, dado o medo e o frio causado pela grande pedra à qual estava encostado com as costas, braços e pernas completamente nus. Porém, ainda de olhos fechados, sentiu um toque quente e úmido bem na pontinha de seu pintinho, fazendo-o reagir com uma vigorosa e rápida ereção. Não resistiu e abriu os olhos, vendo Martinha agachada, com a boca aberta tocando o pênis dele com a ponta da língua. 

            - Humm.. já estou sentindo o gostinho do seu gozo. Até que está gostosinho, já que você está há mais de 24 horas sem ejacular. Poderia ser melhor, mas dá pro gasto, já que estou oitenta e sete anos sem beber esperma humano.

            Miguel se assustou com aquela informação. Estava mesmo convencido a partir daquele momento que não havia nenhuma dúvida que estava lidando com um ser sobrenatural e milenar.

            - Mas tenho certeza que depois que eu me satisfizer com sua porrinha acumulada por um dia de cultivo, as próximas serão muito mais fartas, espessas e saborosas.

            Ao terminar de dizer isso, a entidade em Martinha abocanhou o pintinho duro de Miguel, fazendo uma forte sucção e um movimento de vai-e-vem com a cabeça, fazendo com que o curto membro ereto saísse e entrasse pela boca dela, passivamente. O prazer que estava percorrendo por todo o corpo de Miguel era absolutamente celestial. Uma sensação de gozo absurda, uma alegria e bem-estar nunca antes experimentado. Miguel nunca havia sequer recebido um beijo na boca em toda sua infância e adolescência e já estava recebendo o melhor boquete que um mortal poderia usufruir em qualquer era de existência humana. Martinha parou de chupar por alguns segundos e dizer umas palavras em latim:

            - Effunde fluxum tuum ut famem mean expleas... 


            Terminadas essas palavras proferidas por aquela voz alterada de Martinha, essa voltou a abocanhar o pênis de Miguel, sugando e bombeando o boquete com muito vigor, o que causou um prazer estrondoso que rugiu de dentro das entranhas de Miguel, fazendo-o sentir, talvez, cem vezes mais espasmos e contrações de prazer do que os que a sua melhor punheta já lhe pudesse ter proporcionado. Miguel urrava e se debatia, sem poder usar as mãos para nada, menos ainda os pés para sair dali. Estava completamente vulnerável e disponível para que sua negociante cumprisse sua parte no pacto. Aquele orgasmo já estava durando mais de quinze segundos sem diminuir de intensidade, e a entidade encarnada no corpo de Martinha chupava e sugava ainda mais forte, sem parar. Miguel estava em estado de completa catarse, sentindo aquele orgasmo super duradouro, enquanto sentia que seu fôlego para continuar gemendo já se esvaía aos poucos.

            - Aaahhh... hmmm... aaaiii... – gemia o jovem de tanto êxtase.

            Depois de mais de quarenta segundos de orgasmo, Miguel já não sentia mais forças nem para continuar gemendo. Podia sentir como se toda sua energia e força estivessem sendo drenadas, juntamente com seu esperma, para dentro da boca gulosa da entidade, que somente encarava Miguel com olhos sorridentes. Até que, depois de mais de um minuto de um orgasmo exaustivo, parou de chupar, retirando a boca melada de esperma, limpando os lábios com os dedos e chupando, de olhos fechados, como se tivesse acabado de se satisfazer com um delicioso sorvete em uma tarde quente de verão.


            - Hum, Miguelzinho. Que delícia. Você não imagina o quanto eu estava com fome. Pena que eu não posso sugar mais, pois chegamos ao seu limite. Mas não pense que esse boquete delicioso saiu de graça não, heim. Quanto mais vezes você gozar, mais favores me deve. Bom deixar claro a partir de agora.

            - Hmm... – respondeu Miguel, extenuado, sem nem conseguir pronunciar uma palavra sequer.

            - Eu sei que você está cansadinho. Não precisa ficar com medo, tá? Você agora me pertence, é meu cabritinho de estimação. Não vou permitir que nada de ruim aconteça com você. Pode descansar bem gostoso.

            Sendo assim, ao escutar essas palavras, não conseguindo discerní-las completamente, Miguel caiu em um sono profundo, mesmo diante de uma força sobrenatural e supostamente demoníaca sobre a qual não tinha nenhuma informação confiável, nem sequer se as intenções e promessas da parte dela seriam de fato cumpridas.

            Bastava a Miguel esperar pelo que viria em seguida. 


Capítulo 4 - o Castigo


Índice com todos os capítulos: 📄

13 comentários:

  1. É agora que a história pega fogo

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  2. Ótima história! Estava ancioso!

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  3. Squal, meus parabéns por dar uma sequencia de postagens no Blog! E parabéns pela história tb

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  4. Estou "Anciosa" pra ler a continuação.

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  5. Anciosa pra ler a continuação. Está história esta muito boa.
    Sissy.30@hotmail.com

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  6. Oi quem quiser conversar ou fantasiar sobre feminização, podemos no Skype.

    Estou ansiosa pra ler a continuação desta história. Entro aqui com frequência pra er se foi postada..
    Bjs 💋

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  7. Queria muito ler a continuação desta história.

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    Respostas
    1. Oi Luiza, Acredito que até o fim desse mês eu já consiga publicar aqui o próximo capítulo!

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